O DETETIVE E A PERSPICÁCIA NA ARTE DA INVESTIGAÇÃO

A profissão de detetive particular é uma das poucas profissões existente hoje que menos exigência tem para o seu exercício profissional. Contudo, algumas exigências naturais são fatores determinantes para o sucesso deste profissional no mercado de trabalho.

Recentemente, discutiu-se em âmbito nacional sobre a importância do detetive particular ter uma formação específica e graduada para exercer a sua atividade de investigação. Dentre a principal exigência seria um curso de nível técnico com carga horária de no mínimo 600 horas (Art. 3º da Lei 13.432/17). Felizmente, essa exigência foi vetada!

Outros especialistas no assunto afirmam que deveria ser exigido daqueles que querem exercer a profissão de detetive particular um curso equivalente ao nível superior. Segundo esses especialistas essa seria a única forma do detetive particular apresentar um trabalho de qualidade junto aos seus clientes.

Não podemos negar que quanto maior o conhecimento seja ele didático ou intelectual melhor será o desempenho do profissional, no entanto, o que esses especialistas esquecem é que o trabalho do detetive particular é pautado 80% no trabalho de campo onde esse profissional realiza a maior parte do seu trabalho investigativo, fazendo sindicâncias, executando campanas, monitorando  alvos suspeitos, seguindo pessoas, filmando e fotografando fatos e acontecimentos. E é exatamente no trabalho de campo que o detetive particular deverá aplicar o seu conhecimento natural adquirido. Conhecimento esse que não se encontra em nenhuma matéria de curso técnico ou de nível superior.

Podemos considerar vários tipos de conhecimentos naturais adquiridos, mas neste post eu quero falar sobre um conhecimento natural específico: A PERSPICÁCIA.

A perspicácia está relacionada com a intuição ou a capacidade espontânea. Um sujeito pode saber muito de um assunto até se tornar um verdadeiro especialista graças ao estudo e à leitura, sem que isso signifique que se trata de um indivíduo perspicaz. No entanto, outra pessoa qualquer talvez consiga aceder ao mesmo conhecimento sem formação prévia, graças precisamente à sua PERSPICÁCIA.

É evidente que a PERSPICÁCIA, por si só, não consegue converter ninguém em perito ou profissional. No entanto, a vida quotidiana e certas tarefas não requerem de estudos formais para o cumprimento dos objetivos, mas um saber intuitivo que pode ser acessível quando alguém é perspicaz.

Exemplo disso está no diferencial entre o trabalho do detetive particular, do detetive policial, diga-se, polícia judiciária.

O diferencial do trabalho do detetive particular para o trabalho do detetive policial está exatamente no trabalho de campo. Enquanto o detetive policial na maior parte do tempo  aplica a sua PERSPICÁCIA no seu trabalho investigativo dentro da delegacia, intimando e ouvindo pessoas, e só saindo em campo quando necessário para realizar diligências ou cumprir mandados de prisão, o detetive particular trabalha exatamente de forma contrária. É no campo que o detetive particular demonstra toda sua capacidade natural adquirida. E não poderia ser diferente, uma vez que o detetive particular não tem os mesmos recursos e liberdade de ação de investigação que o detetive de polícia, o que lhe obriga então a aplicar tão somente  a sua PERSPICÁCIA natural adquirida para solucionar os seus casos.

A PERSPICÁCIA está associada à capacidade de descobrir coisas que estão ocultas ou compreender situações que, à primeira vista, parecem muito confusas. E para quem tem a PERSPICÁCIA como arma dificilmente dependerá de outros recursos.

Então se você quiser ser um bom detetive e investigador deverá ser uma pessoa perspicaz.

No próximo post vamos falar sobre “Mente intuitiva”.

 

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