Vigiar pessoa por celular é 20 vezes mais barato do que usar agente policial

Reproduzimos aqui uma reportagem da Folha, assinada pela jornalista Stefanie Silveira, reproduzindo a lógica do que hoje muito se utiliza em atividade de inteligência e investigação criminal:

Monitorar uma pessoa por meio do seu celular é 20 vezes mais barato do que usar um agente policial e um carro para seguir o suspeito. É o que diz uma pesquisa realizada nos EUA por dois consultores de segurança.

O trabalho comparou os custos do monitoramento de pessoas utilizando formas “tradicionais”, como um policial de carro, e tecnologias mais avançadas, como rastreamento de GPS e celular.

Os resultados mostram que vigiar alguém pelo celular custa em média R$ 12,40 por hora, enquanto um agente seguindo uma pessoa de carro custa cerca de R$ 250 pelo mesmo período.

Os consultores fizeram os cálculos levando em consideração valores praticados nos Estados Unidos. Entraram na conta, por exemplo, o salário de um agente do FBI, o custo dos carros envolvidos e as taxas cobradas pelas operadoras que oferecem serviços de rastreamento.

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A pesquisa feita por Ashkan Soltani e Kevin Bankston foi publicada no Yale Law Journal. Para Soltani, a redução do valor em cerca de 20 vezes indica que a nova técnica de vigilância viola uma “expectativa de privacidade” das pessoas.

Segundo ele, o progresso tecnológico indica uma ameaça à privacidade porque amplia a vigilância de maneiras que antes teriam sido proibitivamente caras.

“Se as barreiras técnicas e financeiras forneciam antes alguma proteção contra a vigilância em larga escala pelo governo, essas proteções implícitas foram eliminadas pelos baixos custos da tecnologia. Uma vez que o custo se aproxima de zero, vamos ficar apenas com leis ultrapassadas sobre o tema.”

Luiz Fernando Moncau, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro, acredita que a discussão proposta pela pesquisa, deve ser “importada” para o Brasil.

“Nós temos regras muito esparsas de privacidade. Não há uma grande lei ou norma que diga claramente o que é informação privada e onde termina o direito de acesso a informações por governos e empresas”, explica.

Para Moncau, as pessoas não estão cientes de como o monitoramento é feito e o quanto de informação está na mão de terceiros. “Sem sombras de dúvidas somos mais monitorados em função do custo e da tecnologia.”

Fonte: Folha de São Paulo

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